Compositor: Difelisatti / Consuelo Arango
Ar, nessa tarde lenta de verão
Sua lembrança é uma foto acinzentada
Que as horas vão esmaecendo
Que difícil desenhar seus traços
Meio dia depois de partir
Ar, se seus olhos eram figos negros
Se seus dentes eram gomos de limão
Não me lembro do arco das suas sobrancelhas
Nem sequer consigo falar direito
De outra coisa que não seja seu cheiro
A mente, quando a maré baixa
Por puro instinto de preservação
Tenta cauterizar cada marca
Que o amor deixou ao passar
A mente, quando a maré baixa
Revelando a estrutura da dor
Ativa um mecanismo de defesa
Pra que o coração não se afogue
Belo, com seu perfil perfeito tão hebraico
Desleixado, cheio de projetos
Ombros pesados e sapatos velhos
A mente, quando a maré baixa
Por puro instinto de preservação
Tenta cauterizar cada marca
Que o amor deixou ao passar
A mente, quando a maré baixa
Revelando a estrutura da dor
Ativa um mecanismo de defesa
Pra que o coração não se afogue
(Ar) me falta o ar
(Nessa tarde lenta de verão)
Não consigo te descrever
(Sua lembrança é uma foto acinzentada)
Só uma silhueta
(Que as horas vão esmaecendo)
Ah, não
(Ar) tento desenhar
(Seus traços, mas quase não consigo mais)
Por mais que eu tente
(Que difícil é reconhecer)
Com tudo o que amamos
(Que você mal deixou marcas em mim)
Ar, agora que a maré baixa
E o naufrágio já é total
Que pena